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Crimeia

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Com 95% de votos no “sim”, muitos milhares vieram para a praça celebrar a Rússia. Na noite dos bairros tártaros, o silêncio. Famílias ucranianas começavam a planear o êxodo.

As urnas fecharam às oito horas da noite, mas às sete e cinco minutos o resultado foi anunciado oficialmente no palco em frente à estátua de Lenine, por uma deputada que acabara de cantar uma velha canção soviética: “Ganhámos. A Crimeia é parte da Rússia.” O número exacto seria anunciado depois: 95% de votos a favor da integração da Crimeia na Rússia.

Aplausos. Gritos. “Rússia! Rússia!” Um raio lazer projectado no edifício do Ministério do Interior e no peito de pedra de Lenine: “Primavera da Crimeia.” Mais canções. Já não os hinos patrióticos das manifestações das últimas semanas, mas cantigas populares, ligeiras, até infantis, dos tempos da União Soviética. As letras falam de amor, de flores, ou são lengalengas para adormecer. A muitos fazem lembrar a infância.

O dia do referendo da Crimeia decorreu sem incidentes. As estações de voto abriram a horas, não houve violência, nem queixas de maior. Aleksander, um homem de 68 anos, boné e muletas, ex-combatente no Exército Vermelho, reformado dos caminhos-de-ferro e tocador de acordeão nos tempos livres, saiu da cabine de voto a chorar. “O Governo de Kiev não é legítimo”, disse ele. “Podiam ter deixado Ianukovich terminar o mandato, e depois votavam noutro presidente, nas eleições. Agora o poder está na rua. Os fascistas do Sector Direito têm armas e preparavam-se para atacar as bases militares, e depois mandar em nós… Por isso tivemos de pedir ajuda à Rússia.” Aleksander vê toda esta informação nos canais de televisão russos. Os ucranianos foram fechados, mas ele não se importa. Nunca os via. “Não gosto das canções que eles passam. Ainda bem que os fecharam. Tínhamos de estar sempre a ouvir aquela música…”

Às 11 horas da manhã, na Escola número 7, já tinham votado um quarto dos eleitores registados. Havia muita gente a chegar às mesas de voto, mas não faziam filas, empurravam-se até conseguir impor a sua vez. Exibiam o documento de identificação, viam o nome ser confirmado na lista. Numa cabine fechada, preenchiam o boletim, que introduziam, aberto, sem o dobrar, numa urna transparente.

“As pessoas que estão nas mesas de voto são activistas de organizações cívicas, aprovadas pela comissão do referendo”, explicou o presidente da assembleia de voto. Logo pela manhã, uma comissão da Duma de Moscovo veio verificar se tudo estava correcto. Fez isto em todas as assembleias de voto.

Não há observadores. Mas o momento da contagem dos votos será aberto aos jornalistas, prometeu o presidente. Regressámos pouco antes das oito, mas era mentira. As portas estavam fechadas.

Na Escola número 16, ao fim da manhã, registara-se apenas um problema, um eleitor cujo nome não constava da lista. Mas provou que vivia na zona, votou. Natasha Kalashnikova, 27 anos, economista, grávida de um rapaz, acha normal que a generalidade dos países do mundo não reconheça o referendo. “Não é do interesse dos EUA, da Europa, etc., que a Rússia se desenvolva.” Também não acha estranho que quem contesta a integração da Crimeia na Rússia não tenha tido direito a fazer qualquer campanha. “São uma minoria. Por isso nem quiseram fazer publicidade.” Natasha veio votar com o pai, Iuri Nichomaievich, 65 anos, que diz, muito excitado: “Só espero que Putin não esteja a fazer isto por razões geopolíticas, mas para defender o povo da Crimeia.” Acrescenta: “Desculpe estar tão eufórico. Pareço agressivo, mas não sou.”

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